Sempre que te alongas, estás a ajudar os músculos e os tecidos moles, como a fáscia, a manterem o seu comprimento natural.
A fáscia é como uma teia que envolve e conecta tudo dentro de ti — músculos, ossos, órgãos. Quando está tensa ou encurtada, os músculos não conseguem relaxar completamente.
Ao alongares-te, estás também a trabalhar essa fáscia, libertando aderências e criando mais espaço e liberdade no corpo.

E ao mesmo tempo, estás a apoiar a mobilidade das articulações.
Dois fatores essenciais na tua recuperação.

Depois de um AVC, é comum haver contrações involuntárias nos músculos do lado afetado. O corpo encolhe-se. Fecha-se. Há zonas que se tornam mais rígidas, e outras que simplesmente “desligam”. Com o tempo, isso pode limitar cada vez mais os movimentos, aumentar o risco de dor e dificultar a recuperação funcional.

É aqui que o alongamento consciente entra:
Não é só esticar por esticar. É respirar, sentir e dar espaço. É um convite para o corpo abrir, mesmo que devagarinho. Mesmo que um milímetro de cada vez.

Mas há mais:
Sempre que criamos espaço no corpo, criamos também espaço para respirar melhor.
E quando a respiração se liberta, a mente segue o mesmo caminho.
A tensão diminui, e aquilo que parecia um muro intransponível começa a parecer apenas um passo de cada vez.
No fundo, ficamos mais leves — por dentro e por fora.

Falo por experiência própria. O alongamento não resolveu tudo, mas ajudou-me a voltar a habitar o meu corpo com mais presença e menos resistência.
E isso mudou o meu dia a dia.

Não interessa se hoje consegues levantar o braço até ao ombro ou só até à cintura. O que interessa é criares o hábito de alongar, de forma segura e adaptada à tua realidade.

O corpo aprende com repetição e com cuidado. Cada vez que alongas, estás a dizer ao teu sistema nervoso: “ainda estou aqui, ainda me movo, ainda quero mais”.

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