Quantas vezes já olhaste para o céu hoje? E para as folhas de uma árvore? Para as sombras que dançam na parede?

Após um AVC, muitas coisas mudam. Algumas transformações são evidentes, outras, invisíveis. O corpo parece ter o seu próprio ritmo, e a mente, por vezes, está em constante negociação com o tempo. Mas e se, por um momento, deixares de lado a necessidade de “voltar ao normal”? E se olhares para o mundo como se fosse a primeira vez?

Pensa nisso: a sensação do sol na pele, o som da chuva a bater no vidro, a textura de um pão acabado de sair do forno. Experimenta abordar cada detalhe como se nunca o tivesses conhecido antes, com a curiosidade de uma criança a explorar o mundo pela primeira vez. Deixa-te surpreender, encontra a beleza em cada detalhe e deixa que a alegria te envolva.

Leva o teu tempo. Não há pressa. O mundo espera por ti. Cada passo, cada pausa, cada respiração conta.

Quando tudo te parecer um pouco demais, para. Respira fundo. Respira quantas vezes forem necessárias. Sente o ar a entrar, trazendo energia e clareza, mas, sobretudo, repara na expiração. É nela que o corpo encontra a sua capacidade de relaxar. Cada vez que soltas o ar, libertas tensões acumuladas e crias espaço para a calma se instalar.

Está tudo bem. Não precisas de conquistar o mundo num único dia. Na verdade, a beleza está em desfrutá-lo aos poucos. Na simplicidade de reconheceres uma flor no caminho, de te encantares com o voo de um pássaro, de sentir o chão firme debaixo dos pés.

O AVC pode ter alterado o caminho, mas não apagou a capacidade de te maravilhares. Redescobre o mundo à tua volta. Há tanto por sentir, tanto por admirar. Permite-te viver cada momento com curiosidade e gentileza contigo mesmo.

O que descobriste hoje? Um novo som, uma cor diferente, uma textura que nunca tinhas notado? Conta-me nos comentários. O mundo está cheio de pequenos milagres à espera do teu olhar.

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