O diafragma é um músculo em forma de cúpula localizado entre a cavidade torácica e a abdominal. Se quisermos simplificar: é o “chão” dos pulmões e o “teto” dos órgãos do abdómen.
É ele que separa e, ao mesmo tempo, liga duas partes fundamentais do corpo — o centro da respiração e o centro da digestão.
Embora seja invisível e raramente lembrado, o diafragma é o protagonista silencioso da respiração. A cada inspiração ele desce, abrindo espaço para os pulmões se expandirem e receberem ar; a cada expiração ele sobe, ajudando o ar a sair.
O que muda depois de um AVC
Após um Acidente Vascular Cerebral, o corpo pode perder parte da coordenação natural entre músculos, movimentos e ritmo respiratório.
O diafragma, sendo um músculo voluntário e involuntário ao mesmo tempo, também pode ser afetado, o que reduz a capacidade respiratória e altera o padrão natural da respiração.
Quando isso acontece, a respiração torna-se mais curta, superficial, muitas vezes concentrada no peito — e menos eficiente. Menos oxigénio chega ao cérebro, aos músculos e aos tecidos, e a energia vital parece diminuir.
Reaprender a respirar bem é, portanto, reaprender a viver de dentro para fora.
Por que o diafragma é tão importante
Respirar com o diafragma ativa o sistema nervoso parassimpático — aquele que acalma, reduz o stress e ajuda na recuperação.
Além disso, fortalece os músculos internos, melhora a postura e apoia o funcionamento de órgãos como o fígado, o estômago e os intestinos, porque o movimento do diafragma massaja naturalmente os órgãos abdominais.
Mas há mais.
O fortalecimento do diafragma está diretamente ligado ao fortalecimento do tronco — o nosso centro de estabilidade.
Um tronco forte é essencial para uma postura mais alinhada e equilibrada, o que significa menos compensações musculares, menos desequilíbrios e, consequentemente, menos fadiga ao andar ou ao realizar movimentos do dia a dia.
Tudo está interligado: respirar bem melhora o alinhamento do corpo; um corpo alinhado movimenta-se com mais eficiência; e essa eficiência traduz-se em menos esforço e mais energia disponível.
Além disso, muitas pessoas desenvolvem medo de cair, e esse medo tende a prender a respiração, tornando-a curta e contida.
Com o tempo, esse padrão limita o movimento natural do diafragma e reforça a tensão corporal — um ciclo que pode ser quebrado quando a respiração volta a ser consciente e profunda.
Faz o teste
Deita-te de costas, num espaço tranquilo.
Coloca a mão esquerda sobre a barriga e a direita sobre o peito.
Agora inspira levando o ar até aos pulmões, sentindo a barriga a expandir — é o diafragma a descer.
Ao expirar, deixa o ar sair suavemente e contrai ligeiramente a barriga — é o diafragma a subir.
Repete algumas vezes.
Qual foi o resultado?
A tua barriga move-se mais do que o teu peito, ou o contrário?
Se o peito sobe mais do que a barriga, é sinal de que o teu diafragma está “adormecido”. Mas a boa notícia é que ele pode ser reeducado — tal como o corpo, o cérebro e o movimento.
Reencontrar o ritmo
Respirar bem não é apenas uma técnica. É um treino de consciência, uma forma de voltar ao essencial — sentir o corpo a funcionar como um todo, do interior para o exterior.
No processo de recuperação após um AVC, trabalhar o diafragma é mais do que aprender a respirar:
é reconectar corpo, mente e vida.