O cérebro foi projetado para ser socialmente ativo e para aprender coisas novas.
Depois de um AVC, a vida muda. O corpo muda. De repente, algo que era simples – levantar-se, andar, mexer um braço – torna-se difícil. E porque é difícil, é natural que o sobrevivente se vá acomodando, poupando esforço, evitando desafios.
O problema é que o cérebro é um aluno aplicado — ele aprende rapidamente o que lhe ensinamos.
Se lhe mostramos que vamos fazer menos, ele aprende a fazer menos.
Se o deixamos quieto, ele aprende a ficar quieto.
Se não o estimulamos, ele aprende a não aprender.
Mas há uma boa notícia: o corpo e o cérebro têm memória.
Mesmo que um movimento pareça impossível, há caminhos que ainda existem — às vezes escondidos, às vezes adormecidos. Podemos acordá-los.
No meu caminho de recuperação, muitas vezes sentei-me num banco a observar as pessoas a passar. Reparava no pés de cada uma — como tocavam o chão, como o calcanhar encontrava primeiro o piso, depois a planta, depois os dedos.
Fechava os olhos e imaginava o meu próprio pé a fazer aquele movimento.
Era um treino mental, uma forma de ensinar o cérebro a lembrar-se do que sabia antes.
Hoje a ciência chama a isto ensaio motor mental — e sabe-se que ele ativa as mesmas áreas do cérebro que o movimento real.
Ou seja, mesmo que o corpo não esteja a mexer-se, o cérebro está a praticar.
Esta foi — e continua a ser — uma das minhas práticas favoritas durante o meu caminho de recuperação: Yoga Nidra.
Durante esta prática, o corpo descansa profundamente, mas a mente permanece desperta e recetiva.
No Yoga Nidra, estas três etapas estão sempre presentes e tornam-no tão poderoso para a recuperação:
- Sankalpa — a intenção
É o ponto de partida. Definimos de forma clara o que queremos reaprender ou alcançar. Esta intenção funciona como um farol, um lembrete para o cérebro sobre a direção que queremos seguir. - Relaxamento consciente
Algo que todos os sobreviventes de AVC sabem ser difícil, sobretudo no lado afetado. Mas relaxar é tão importante quanto mexer. Quando relaxamos, damos ao cérebro espaço para se reorganizar e ao corpo oportunidade para libertar tensões. - Visualização
Numa mente relaxada, a imaginação torna-se mais vívida e eficaz. É o momento de sentir como seria voltar a fazer aquele movimento, dar-lhe detalhes — desde o toque do pé no chão até ao equilíbrio de todo o corpo.
Estas três etapas fazem parte da essência do Yoga Nidra e transformam esta prática num treino poderoso para o cérebro.
Mesmo deitado, imóvel, podes estar a ensinar ao teu sistema nervoso novas (ou antigas) formas de se mover.
Por isso, move-te sempre que possível.
E quando não conseguires, não esqueças que precisas de dar ao corpo, à mente e ao cérebro a oportunidade de trazer intenção, relaxar e visualizar.
Não deixes que o teu cérebro aprenda a não aprender — ajuda-o a manter-se vivo, curioso e pronto para reaprender.
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