(Re)aprender não é apenas um processo mecânico; é um convite à consciência do corpo, do movimento e da respiração. Seja na reabilitação após um AVC ou na aprendizagem ao longo da vida, o nosso cérebro reconstrói capacidades, recorrendo principalmente a três formas de aprendizagem:

Repetição ativa do movimento, prática mental e observação.

No entanto, há um fator essencial que potencia este processo: sentir o movimento e estar presente na experiência.

Como sobrevivente de AVC, considero que estas três práticas foram e são fundamentais para a minha recuperação. Mas não apenas como ações isoladas – foi ao integrar a consciência corporal, a respiração e o relaxamento que realmente percebi a transformação.

1. Movimento = Repetição com Consciência

A repetição é essencial para consolidar padrões motores, mas a diferença está em como repetimos. Fazer um movimento mecanicamente é muito diferente de o fazer com consciência. Quando adicionamos a respiração e sentimos cada detalhe do gesto, estamos a potenciar a reabilitação.

A Yogaterapia é um complemento poderoso neste processo. Através dela, aprendemos a:
✅ Sincronizar respiração e movimento, tornando-o mais fluido e natural.
✅ Sentir cada micro ajuste do corpo, identificando tensões desnecessárias, aprendendo a relaxar o que não está a ser usado.
✅ Evitar compensações que possam sobrecarregar outras áreas.

👉 Experimenta: Escolhe um movimento simples, como levantar um braço. Ao inspirar, inicia o movimento lentamente; ao expirar, baixa-o com controlo. Sente o peso do braço, percebe se há rigidez e observa como o teu corpo responde. Pequenas mudanças na atenção fazem uma grande diferença na recuperação.

2. Imaginamos o Movimento = Prática Mental e Relaxamento

O cérebro não distingue completamente entre imaginar um movimento e executá-lo. Estudos demonstram que a visualização ativa áreas cerebrais semelhantes às usadas na ação real. A prática mental é especialmente útil para quem enfrenta limitações físicas, pois mantém os circuitos neurais ativos, preparando o corpo para o movimento futuro.

Mas para que a prática mental seja realmente eficaz, o relaxamento do corpo é essencial. Um corpo tenso bloqueia o fluxo natural da informação entre o cérebro e os músculos. Yoga Nidra, por exemplo, pode ser uma ferramenta super importante neste processo, pois:
✅ Induz um relaxamento profundo, reduzindo tensões desnecessárias.
✅ Prepara a mente para visualizar os movimentos de forma clara e sem esforço.
✅ Melhora a conexão mente-corpo, criando um ambiente favorável à (re)aprendizagem.

👉 Experimenta: Deita-te confortavelmente, fecha os olhos e visualiza-te a realizar um movimento que desejas melhorar. Imagina cada detalhe – o toque no chão, a fluidez do gesto, a sensação do corpo a mover-se com leveza. Esta abordagem fortalece a conexão mente-corpo e pode facilitar a execução real.

3. Vemos Alguém Fazer o Movimento = Observação e Consciência Interna

O nosso cérebro aprende através da observação e imitação. Os chamados neurónios-espelho são ativados quando vemos outra pessoa a mover-se, ajuda-nos a internalisar padrões de movimento antes mesmo de os tentarmos replicar.

Mas a observação pode ir além do simples ato de ver. Podemos sentir internamente como o nosso corpo faria esse movimento. Ao observar outra pessoa, podemos trazer a atenção para o nosso próprio corpo e imaginar como seria se estivéssemos a movimentar-nos daquela forma. Isto cria um ensaio mental poderoso que reforça a aprendizagem.

👉 Experimenta: Observa alguém a realizar um movimento com atenção plena. Depois, fecha os olhos por um instante e percebe como o teu corpo reage a essa observação. Imagina-te a fazer o mesmo gesto, sentindo os músculos envolvidos e a respiração a fluir. Esta abordagem torna a aprendizagem mais intuitiva e natural.

A Chave: Integrar as 3 Formas de (Re)Aprender

Mais do que apenas praticar ou observar, o segredo do (re)aprender está em conectares-te com o movimento. Isto significa:
✅ Perceber como cada parte do corpo responde.
✅ Sentir a respiração a acompanhar o gesto.
✅ Relaxar tensões desnecessárias para permitir fluidez.
✅ Estar presente, sem pressa, permitindo que o corpo e a mente se integrem.

Foi ao unir repetição, prática mental e observação, juntamente com a consciência do corpo e da respiração, que percebi avanços significativos na minha recuperação. Reaprender é um processo vivo – e sentir o movimento transforma todo o caminho da recuperação! ✨